A FRAQUEZA DA CARNE

Imagine um cidadão muito gordo chamado Hubert St Johns. Que por causa de sua obesidade tem muitos problemas de saúde vive como um prisioneiro em seu próprio corpo, mas ele tem um plano, transformar gordura em músculos usando radiação gama. Para tanto ele contrata a Doutora Nancy Kelloway que constrói um tremendo complexo voador e o Professor Daniel Kortz um estudioso que tenta manipular radiação gama, mas para alcançar a sua meta eles precisam do Incrível Hulk.

John Byrne em The Incredible Hulk Annual 14 usa essas personagens para trabalhar uma história mais densa do que ela parece de início. Haja vista que St Johns é o tipo de pessoa sedentária que arrebentou com sua saúde e acha que pode fazer qualquer coisa só porque possui dinheiro. 

Um sujeito que acredita que os fins justificam os meios e que dará o passo que for preciso para alcançar seus objetivos. Não bastasse isso ele conta com a ajuda do Professor Kortz, um homem dissimulado, sem um pingo de ética, aquela criatura que manipula e usa pessoas para conseguir status.

A menos ruim é a Doutora Kelloway, uma mulher que arruinou sua carreira por amar Kortz, embora tenha um bom coração, ele está consumida pelo remorso, o problema disso é que remorso não cura ninguém, não muda as pessoas, arrependimento sim, devido a isso ela se acovarda e dá passos que de maneira nenhuma a torna louvável.

Em meio a isso tudo encontra-se o Hulk, o tipo do cara de bom coração, que vive na dele, mas que acaba sendo cercado por pessoas que o usam a seu bel prazer. Por isso o Golias Verde é capturado, colhem amostras de seu sangue, pois é visto como alguém que merece ser explorado. Isso é tão intenso que chega um momento que o Gigante Verde diz algo incomum: “Hulk está com medo”.

Mas, o que fazer com pessoas assim, tão opressoras? Byrne trabalha com um certo senso de justiça. Quem oprime tem que vivenciar o juízo e com isso a gordura de St Johns gera muito mais gordura, consequentemente Kortz morre pelas mãos de seu contratante e a Doutora Kelloway morre esmagada.

O Hulk por sua vez sai ileso, sozinho, mas feliz, pois suas palavras retratam isso: “Hulk gosta disso”! Ou seja, antes só do que mal acompanhado. 

Sal Buscema foi quem desenhou a história. Para variar ele fez um trabalho muito bom, os momentos de ação, tensão, manipulação e certos momentos com amostras de pena ficaram muito bem ilustrados. 

A narrativa apresentada por Byrne e Buscema em 1985 não está em momento algum distante da realidade de 2012, pois o mundo continua cheio de pessoas corrompidas pelo poder, que destroem seus corpos, sem ética e escondidas atrás do remorso e da covardia. 

Entretanto no meio dessa opressão toda, tem o Hulk, aquele cara que não se entrega as essas coisas que depreciam tanto a vida, que insiste num jeito de ser diferente,  que não quer prejudicar ninguém, que se distancia  de quem lhe faz mal, pois seu desejo é viver em paz.